Ensaio sobre os Luminares - Os desafios do EU
- The Star Is You
- 19 de jan. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 29 de jan. de 2020
E se a nossa vida e o nosso horóscopo fosse resumido às polaridades essenciais? Se houvesse apenas o SOL e a LUA no firmamento? A simplicidade do Yang e do Yin, os princípios do Tao? Teríamos apenas o SOL para nos guiar, a LUA para nos nutrir e a Terra para nos suster. Será esta a tríade seminal? Eis as premissas deste ensaio.
O SOL

O símbolo do sol representa a emanação da luz da vida. O círculo representa o infinito, a perfeição sem princípio nem fim. O ponto, ao centro, simboliza a fonte de luz primordial que todos emanamos e que é a fonte do nosso ser. Todo o individuo é a manifestação da fonte de luz original. É o arquétipo por excelência da nossa individualidade ou, por outras palavras, do nosso EGO.
O SOL é o gerador de vida na Terra, representando a motivação e o espirito criativo de todos nós. É a luz do SOL que ilumina todos os outros corpos celestes e que permite que a vida na Terra seja VIDA, como a conhecemos. O SOL dá-nos a coragem de ser o que fomos predestinados a ser. Muitos de nós não vivem em pleno o “seu SOL”. Se cada um estiver em harmonia com o seu potencial (SOL) então será mestre de si próprio e atingirá o seu propósito de vida. No fundo, será feliz.
O SOL rege a nossa força vital e dá-nos o limite do nosso ser. Representa a polaridade positiva ou energia YANG.
A LUA
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Se o círculo do SOL representa a energia infinita de todo o universo para cada ser humano, o semicírculo da LUA representa o finito. A LUA absorve a luz e o calor emanado do SOL e dá forma à sua força criativa. A LUA representa então, a recetividade da natureza humana, o contentor onde recebemos e armazenamos a energia do SOL. Metáfora do nosso subconsciente, das nossas emoções e dos nossos instintos, a LUA é também a grande MÃE que dá nos dá vida e nutre a nossa criança interior.
Sintetizando, a LUA é a nossa alma, o SOL o nosso espírito. Ao contrário do SOL, que representa a nossa individualidade, a LUA representa a nossa personalidade. Como reagimos, como nos emocionamos, como nos comportamos. Os nossos traços de estarmos presentes.
A LUA, arquétipo por excelência da fertilidade, mãe, infância e do nosso mundo emocional, corresponde à polaridade negativa ou energia YIN.
A dança dos LUMINARES, a polaridade SOL/LUA
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Se nos reduzíssemos às polaridades da nossa essência seríamos a dualidade do YANG e do YIN, oscilando entre o Consciente e o Inconsciente, a Razão e a Emoção, a Dádiva e a Carência. Tudo seria muito mais simples… ou não.
Duas unidades básicas polarizadas são atraídas para o reino das relações, como numa dança a pares. O SOL como LUMINAR do DIA (luz quente), a LUA como LUMINAR da NOITE (luz fria). As FASES da LUA, como as observamos da TERRA, refletem o estado dessa dança a dois, sendo cada FASE a imagem visível dessa interação. Logo, cada FASE terá um consequente reflexo na nossa essência, marcada no instante em que respirámos pela primeira vez aqui na TERRA. Podemos imaginar esta dança como a relação instintiva entre homem e mulher, semente fecundante da própria VIDA.
SOL e LUA harmoniosos no horóscopo resultam numa integração facilitada entre o individuo e as suas emoções. SOL e LUA em aspetos desafiantes pode indicar uma maior dificuldade de sucesso na integração destas energias complementares. Será um processo de aprendizagem e de equilíbrio entre a vontade e os sentimentos, para a consequente evolução do EU.
Partindo das antigas premissas e da geometria clássica, imaginemos a nossa carta astrológica apenas com o SOL e a LUA. Para simplificar o SOL estará a 1º de Carneiro, o ponto vernal, representando o paradigma do EU iniciático, o fogo primordial e gerador de vida. Reflitamos sobre os seus desafios.
Os DESAFIOS do EU
(Re) Nascimento - LUA Nova – Conjunção SOL/LUA (0º) - O EU (Des) Integrado
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Esta configuração corresponde à LUA Nova e simboliza o fim e início de um novo ciclo. É uma posição de grandes incertezas mas de inúmeras possibilidades. Quem sou EU? Sou EU ou sou o(s) meus(s) outro(s) EU(S)? O que sou? Como sou? E fundamentalmente, porque sou EU?
Aqui o desafio é a Descoberta e Aceitação Pessoal, saber estar presente e consciente.
EU aceito-me como sou e como me sinto, consigo lançar e nutrir as sementes para que germinem no novo ciclo e assim sinto-me íntegro e consciente.
LUA em Quarto Crescente – Quadratura SOL/LUA (+90º) - O EU (Des) Enraizado
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Este é um ponto de tensão e de grande interrogação. Pede a integração de referências de estruturas herdadas e valores pessoais. EU ou as minhas raízes? Deixo a LUA enraizar ou doo a luz do meu SOL à LUA para que ela possa continuar a crescer? Deixo a LUA continuar a crescer para que as sementes possam germinar? Ou fico aqui de onde venho? Aqui, onde estão as minhas raízes, a minha família, a minha pátria, a minha tribo? Aqui reconheço-me e identifico-me. Aqui sou EU.
Eis o desafio: enraízo ou desenraízo?
EU venero e nutro as minhas raízes, mas deixo as minhas asas crescer e assim sinto-me tanto enraizado como livre.
LUA Cheia – Oposição SOL/LUA (+180º) - O EU (Des) Relacionado
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Aqui o EU encontra a dualidade fora de si. Estranha sensação. Como se relacionar com os outros EUs? Como se projetar nas parcerias e nos relacionamentos? O que EU procuro nas relações interpessoais? EU ou o(s) outro(s)? Ambos? Sente-se fortemente o efeito espelho, porque agora a LUA ilumina todas as sombras. A claridade, por vezes cega. Deixo a LUA brilhar, plena, de luz refletida do SOL? Para sempre? E o desafio é a Integração Relacional e a Partilha.
EU brilho, mas também deixo os outros brilhar e assim me sinto completo e uno.
LUA em Quarto Minguante – Quadratura SOL/LUA (+270º) - O EU (Des) Associado
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E o desafio novamente, aqui de consciência. Os outros aceitam-me, será que faço parte? Como me apresento ao mundo? Qual o meu maior contributo como ser humano à sociedade? Escolho a realização pessoal ou profissional? Há que ser humilde mas não deixar de alimentar a LUA cujo brilho se desvanece, o seu brilho é efémero e está a minguar.
O que escolho? EU ou os sistemas e crenças estabelecidos em Sociedade?
EU dou ao coletivo tudo o que sou e o que sei, mas também recebo em troca, e assim me sinto grato e integrado em sociedade.
E na roda da dança das polaridades, a LUA volta a fundir-se no SOL. E regressa a NOVA, uma vez mais. Invisível para todos os EUs. Na simplicidade desta dança, tudo recomeça. Como dia depois da noite. Ciclicamente.

A dança é simples e previsível. A vida, essa, é plena de desafios.
“But there is no energy unless there is a tension of opposites; hence it is necessary to discover the opposite to the attitude of the conscious mind.”
― C.G. Jung, The Essential Jung: Selected Writings
Bibliografia
[1] DANE RUDHYAR (Editora Pensamento, 1993). O ciclo de Lunação.
[2] ALAN OKEN (Ibis Press, 2006). Complete Astrology, the classic guide to modern Astrology.
[3] JOÃO MEDEIROS (LUA de Papel, 2013). A Carta.
Este artigo foi publicado no Jornal 4 Estações, da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia)
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